02. Banhão-nhão
José Eduardo Gramani (1944-1998)
Esta composição foi escrita originalmente para rabeca e cravo. José Eduardo Gramani, um dos membros fundadores do grupo ANIMA, violinista, rabequeiro, professor de rítmica e compositor, baseia este trabalho no idioma particular da rabeca do sertão, combinado com uma polirritmia densa em diferentes níveis melódicos, o que traz uma nova vida ao ritmo do baião convencional. No arranjo do grupo foram incorporados outros instrumentos, assim como sessões improvisatórias, e, ainda, adicionou-se à melodia original uma adaptação do texto proveniente da tradição oral, que ficou celebrizado pelo cantador e rabequeiro cearense Cego Oliveira.
This musical piece was originally written for fiddle and harpsichord. José Eduardo Gramani, one of the founding members of ANIMA, was a violinist, fiddler, rhythm teacher and composer. He based this work on the particular sound of the fiddle from the dry backlands of Northeastern Brazil, combined with a dense mixture of rhythms at different melodic levels, bringing new life to the conventional baião (folk music and dance) rhythm. In the group's arrangement other instruments were incorporated, besides improvisation. A text from the oral tradition made famous by the singer and fiddler Cego Oliveira, from Ceará, was adapted and added to the original melody.
Essa é minha rabequinha
É meus pés, é minhas mãos.
Minha roça de mandioca,
Minha farinha, meu feijão.
É minha safra de algodão,
Dela eu faço a profissão,
Por não poder trabalhar,
Por não poder enxergar.
Um belo dia fui ao padre perguntar,
Se nessa vida se cantar fazia mal,
Ele me disse: pode cantar bem na praça
Porém se cantar de graça,
Cai em pecado mortal.
Dalga Larrondo: caixa de congo / congo drum
Isa Taube: voz e triângulo / voice and triangle
Luiz Fiaminghi: rabeca 1 / fiddle 1
Patricia Gatti: cravo / harpsichord
Ricardo Matsuda: viola brasileira 2 / Brazilian ten-string guitar 2
Valeria Bittar: flautas-doce 2 e 3 (flauto doppio) e voz / recorders 2 and 3 (flauto doppio) and voice