04. ROSA DAS ROSAS

Dom Afonso X, o sábio (1221-1284)
Don Alfonso X, the wise (1221-1284)

Rosa das Rosas é um canto de louvor à Virgem contido nas Cantigas de Santa Maria, uma coletânea de mais de 00 cantigas atribuídas a D. Afonso X, rei de Leão e Castela. Escritas em galaico-português, narram os milagres de Nossa Senhora, representando um dos mais impor- tantes documentos medievais que preservaram música, poesia e iluminuras. Considerando-se que talvez sejam mais o trabalho de uma equipe do que do próprio punho de D. Afonso X, as Cantigas de Santa Maria, com sua opulência e esmero no registro iconográfico, trazem a dimensão da importância que o trabalho artístico assumiu em sua corte. Segundo Bernardo M. de Castro, apesar do culto à Virgem ter movido sua concepção, Òa criação das ÔcantigasÕ tem uma dimensão exclusivamente voltada para a experiência da fruição, por ser o prazer do contato com a obra de arte (entre outros tantos prazeres) algo valorizado por D. Afonso. Isto é, a estética, enquanto esmero com as iluminuras, música e literatura, não possui [exclusivamente] um caráter doutrinário nem moralÓ. (CASTRO, 2005, p. 6)

Rosa das Rosas is a song of praise to the Virgin, contained in the Songs of the Virgin Mary, a col- lection of more than 00 songs attributed to D. Alfonso X, King of Castile and Leon. Writ- ten in Galician-Portuguese, they tell the miracles of Our Lady, constituting one of the most important medieval documents that preserved music, poetry and illuminations. Given that they may be the work of a team rather than just by D. Alfonso X, the Songs of the Virgin Mary, with its opulence and care in iconographic records, is proof of the importance accorded to the arts in his court. According to Bernardo M. de Castro, although it was the cult of the Virgin that led to its conception, Òthe creation of the ÔsongsÕ has a dimension exclusively concerned with the experience of fruition, as the pleasure of contact with works of art (among many other pleasures) was something D. Alfonso valued. That is, aesthetics, as excellence in illumination, music and literature, does not have [exclusively] a doctrinaire or moral character.Ó (CASTRO, 2005, p. 6)

Luiz Fiaminghi

"Esta é de loor de Santa Maria, comÕ é fremosa e bõa e á gran poder."

Rosas das rosas e Fror das frores,
Dona das donas, Sennor das sennores.

Rosa de beldad' e de parecer
e Fror d'alegria e de prazer,
Dona en mui piadosa seer,
Sennor en toller coitas e doores.
Rosa das rosas e Fror das frores...

Atal Sennor dev' ome muit' amar,
que de todo mal o pode guardar;
e pode-ll' os peccados perdõar,
que faz no mundo per maos sabores.
Rosa das rosas e Fror das frores...

Devemo-la muit' amar e servir,
ca punna de nos guardar de falir;
des i dos erros nos faz repentir,
que nos fazemos come pecadores.
Rosa das rosas e Fror das frores...

Esta dona que tenno por Sennor
e de que quero seer trobador,
se eu per ren poss' aver seu amor,
dou ao demo os outros amores.
Rosa das rosas e Fror das frores…

Gisela Nogueira:viola de arame
Luiz Fiaminghi: rabeca "Seu" Nelson
Marília Vargas: soprano
Marlui Miranda: voz / voice
Paulo Dias:caixa do divine maranhense/ drum of the Divine of Maranhão
Silvia Ricardino: harpa medieval / medieval harp
Valeria Bittar: flauta-doce tenor/ tenor recorder
Arranjo / arrangement: Luiz Fiaminghi