14. Rosa das Rosas
anônimo, Cantiga de Santa Maria XX, séc. XII / 12th. century
Reunidas por Afonso X “O Sábio” (1221-1284), Rei de Leão e Castela, compostas em louvor à Virgem ou narrando seus milagres, as Cantigas de Santa Maria, escritas em galego-português, constituem um dos mais importantes documentos da monodia medieval. Na corte do Rei Sábio conviviam artistas, cientistas e músicos de diversas origens, em um ambiente multicultural em que árabes, judeus e cristãos conviviam em harmonia. Há em Rosa das Rosas, como era comum em textos medievais, uma dupla leitura do amor sagrado e profano, na figura da devoção à Virgem e da fidelidade à amada.
O final é uma improvisação sobre uma estrofe de um Moçambique originário do Vale do Rio Paraíba, São Paulo (RIBEIRO, 1981, p. 36), e o refrão de Rosa das Rosas.
Rosa das Rosas e Fror das frores
Dona das donas, Sennor das sennores.
Rosa de beldad’ e de parecer
e Fror d’alegria e de prazer
Dona em mui piadosa seer,
Sennor em toller coitas e doores.
Esta dona que tenno por Sennor
e de que quero seer trobador,
se eu per ren poss’aver seu amor,
dou ao demo os outros amores.
Rosa das rosas e Flor das flores,
Dona das donas, Senhora dos Senhores.
Rosa e beleza e formosura
E Flor de alegria e prazer,
Dona em sua grande piedade
Senhora em evitar tristezas e dores.
Se pudesse merecer o amor desta dona
A quem tenho por Senhora,
E de quem quero ser trovador,
Mandaria ao demônio todos os outros amores.
Moçambique:
Lá do céu caiu´ma rosa
Do rosário de Maria,
São Benedito pegô
E disfoiô na cumpanhia.
Dalga Larrondo: bendir
Isa Taube: voz / voice
Luiz Fiaminghi: rabeca brasileira 2 / Brazilian fiddle 2
Patricia Gatti: cravo / harpsichord
Ricardo Matsuda: viola brasileira / Brazilian 10-string guitar
Valeria Bittar: flauta-doce 2 / recorder 2
arranjo / arrangement: Grupo ANIMA